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PGR pediu prisão de Cid após viagem de familiares do militar aos EUA

A família de Cid chegou a Los Angeles, nos Estados Unidos, em 30 de maio

PGR pediu prisão de Cid após viagem de familiares do militar aos EUA

© Getty Images

Folhapress
14/06/2025 05:45 ‧ há 14 horas por Folhapress

Política

Justiça

RECIFE, PE, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu a prisão do tenente-coronel Mauro Cid na quinta-feira (12) após a Polícia Federal identificar que os pais, esposa e filha do militar viajaram no fim de maio para os Estados Unidos.

 

Em petição enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral Paulo Gonet afirma que a viagens dos familiares de Cid associada às suspeitas de que o ex-ministro Gilson Machado tentava conseguir um aporte português para o militar indicaram possibilidade de o réu pela trama golpista tentar fugir do país.

"A informação reforça a hipótese criminal já delineada pela Procuradoria-Geral da República e evidencia a forte possibilidade de que Gilson Machado Guimarães Neto e Mauro César Barbosa Cid estejam buscando alternativas para viabilizar a saída de Mauro Cid do país, furtando-se à aplicação da lei penal", diz Gonet.

A família de Cid chegou a Los Angeles, nos Estados Unidos, em 30 de maio. O voo teve escala na Cidade do Panamá, e todos realizaram o procedimento migratório de saída na mesma data.

A Polícia Federal encontrou dois localizadores vinculados aos ageiros. Um estava nos nomes de Agnes Cid e Mauro Lourena Cid, pais do tenente-coronel. O segundo continha os nomes de Gabriela Cid (esposa) e de duas filhas do casal.

Segundo a PGR, não há registros de procedimento migratório de saída do país de uma das filhas de Cid.

A Folha de S.Paulo teve o às informações das agens da família de Cid. Os quatro familiares têm volta marcada para o dia 20 de junho, com embarque no aeroporto de Orlando, escala na Cidade do Panamá e desembarque em Brasília (DF).

Os pais de Cid despacharam duas bagagens de até 23 quilos, uma registrada no nome de cada. A esposa e a filha do militar levaram somente bagagens de mão para a viagem internacional.

Gonet apresentou as informações ao Supremo e pediu a prisão preventiva de Gilson e Cid, a busca e apreensão dos dois, a autorização para ar equipamentos e dispositivos eletrônicos dos alvos e o envio de relatório do monitoramento da tornozeleira eletrônica do militar.

O ministro Alexandre de Moraes autorizou a operação ainda na quinta. Segundo a defesa de Cid, os policiais chegaram à casa do militar munidos de um mandado de prisão, mas foram informados já na residência do oficial que a detenção havia sido revogada por Moraes.

A assessoria do STF também confirmou que o militar não foi preso, sem dar detalhes. Cid chegou à sede da PF em Brasília por volta das 11h para prestar depoimento. Gilson Machado foi preso em sua casa em Recife (PE).

Parte da família de Mauro Cid mora nos Estados Unidos. Daniel Cid, irmão do militar, mora na Califórnia -e abriga uma das filhas de Cid há pelo menos três anos.

O pai de Cid também morou nos EUA durante o governo Bolsonaro, nomeado para comandar o escritório da Apex em Miami de 2019 a 2022.

Mauro Cid deu entrada em 11 de fevereiro de 2023 em um pedido de reconhecimento de sua cidadania portuguesa. A mãe do militar é cidadã de Portugal, o que dá direito ao tenente-coronel ter a carteira de cidadão do país.

Esposa e filhas de Cid também já tinham cidadania portuguesa. O processo junto à Embaixada de Portugal concluiu em 2024, e o militar recebeu uma carteira de identidade com validade até 3 de janeiro de 2035.

"É necessário ressaltar, ainda, que a carteira portuguesa é apenas um documento de identificação, válida somente no país de origem, e que contém informações pessoais do seu titular de modo [a] permitir o em diversos serviços públicos e privados sem a efetiva necessidade de outros documentos, limitada, tão somente, a identificação", disse a defesa de Cid ao STF em fevereiro.

O advogado Cezar Bitencourt destacou à época que Mauro Cid "não solicitou e não possui aporte português, esse sim, documento que lhe permitiria, caso possuísse, viagens por qualquer país integrante da União Europeia".

"Ademais, o peticionante celebrou acordo de delação premiada, com uso de tornozeleira eletrônica, sendo impossível empreender viagem para o exterior sem autorização desse Juízo", destacou o advogado.

A Polícia Federal suspeitava desde o início do ano que Mauro Cid pudesse tentar fugir do país, mesmo com os benefícios de sua colaboração premiada homologada pelo STF. A hipótese tinha como base, inicialmente, a expedição da carteira de identidade portuguesa.

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