A Coreia do Sul anunciou a suspensão das transmissões de propaganda por alto-falantes ao longo da fronteira com a Coreia do Norte, medida que visa "restaurar a confiança" entre os dois países. O anúncio ocorre uma semana após a posse do novo presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, que prometeu melhorar as relações intercoreanas. Pyongyang, que considera essas transmissões um ato de guerra, já ameaçou destruí-las no ado.
As transmissões, que haviam sido pausadas por seis anos, foram retomadas em junho de 2024 como resposta a uma campanha norte-coreana de enviar balões com lixo para o Sul. Além de notícias, as mensagens divulgadas incluíam informações sobre democracia e a vida na Coreia do Sul. O governo de Lee busca reduzir tensões após o mandato do ex-presidente Yoon Suk Yeol, marcado por uma abordagem mais dura contra Pyongyang. Yoon foi destituído do cargo por instaurar lei marcial em dezembro, alegando ameaças internas e norte-coreanas.
Grupos de defesa dos direitos humanos criticaram a suspensão, argumentando que os alto-falantes eram uma ponte vital de comunicação com o povo norte-coreano. "Ao desligá-los, fortalecemos os esforços de Kim Jong Un para manter sua população isolada", afirmou Hana Song, diretora do Centro de Direitos Humanos para a Coreia do Norte. Já moradores das regiões de fronteira comemoraram a decisão, alegando que o barulho das transmissões afetava suas vidas cotidianas. "Esperamos que isso acabe com a guerra psicológica baseada em ruído", disse uma nota oficial da região de Ganghwa.
O Exército sul-coreano informou que a decisão levou em conta a interrupção das campanhas de balões vindos do Norte. Apesar disso, a suspensão não é definitiva, sinalizando que as transmissões podem ser retomadas caso necessário. Segundo relatos, os alto-falantes são capazes de transmitir mensagens por até 24 km à noite.
O gesto ocorre enquanto ambos os países continuam tecnicamente em guerra, já que o conflito de 1953 terminou sem um tratado de paz. O restabelecimento das relações permanece uma meta distante, mas a suspensão dos alto-falantes é vista como um primeiro o para reduzir as tensões na Península Coreana.
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